Historia do Santa

 

HISTÓRIAS

O Santa Cruz Futebol Clube foi fundado em 03 de Fevereiro de 1914, por um grupo de 11 meninos do Recife. A idéia do nome "Santa Cruz" adveio em razão ao pátio da Igreja de Santa Cruz, onde, este grupo de jovens, com idades entre 14 e 16 anos, costumava jogar futebol, afinal, naquela época não existiam campos.

(Igreja de Santa Cruz)
Dos êxitos obtidos veio a criação do clube, como mostra a Ata de Fundação do mesmo

"Aos três de fevereiro de mil novecentos e quatorze à rua da Mangueira n° 2, districto da Boa Vista pelas 19 horas, reuniram-se os Srs Quintino Miranda Paes Barreto, José Luiz Vieira, José Glacério Bonfim, Abelardo Costa, Augusto Flankin Ramos, Orlando Elias dos Santos, Alexandre Carvalho, Oswaldo dos Santos Ramos, Luiz de Gonzaga Barbalho Uchôa Dornelas Câmara para a fundação de uma sociedade "foot-ball". Proclamando presidente o Sr. Augusto Ramos é pelo mesmo aceito tendo convidado o Sr. Luiz Barbalho para secretariar a mesma. O presidente expôs ao fim da reunião que é a fundação de uma sociedade esportiva que tomaria por título "Santa Cruz Foot-Ball Club". Adotando como principal esporte o "foot-ball". Sendo posta em discussão e aprovada. O Sr. presidente comunica que vai-se proceder a eleição para a primeira diretoria. Procedida é eleita a seguinte diretoria: Presidente, Sr. José Luis Vieira, vice-presidente, Sr. Quintino Miranda Paes Barreto, 1° secretário Sr. Luiz de Gonzaga Barbalho Ramos, Diretor de Esportes Sr. Orlando Elias dos Santos, tendo sido empossada. O secretário lê os estatutos da nova sociedade que são aprovados. Em seguida tratou-se das cores que o clube adotaria a seu pavilhão, sendo escolhido as cores brancas e pretas, sendo aprovada. Tendo o Sr. Alexandre Carvalho portado-se mal é repreendido pelo presidente e posto na ata um voto de censura ao mesmo. Não havendo assuntos a discutir-se o Sr. presidente encerrou a sessão depois de haver marcado o dia 7 de fevereiro para nova reunião. (a) Augusto Câmara - 2° secretário".

Assim, na reunião realizada na Rua da Mangueira, número 2, ficou combinado que as cores do time seriam branco e preto. Posteriormente, porém, devido a igualdade de cores com o Flamengo local, o Santa adotou o vermelho, tornando-se tricolor. O primeiro adversário do Santa Cruz foi o Rio Negro, na campina do Derby, onde foi atraído um bom público para ver jogar o "time dos meninos". O time, apesar de acostumado a jogar somente nas ruas, não estranhou o campo e conseguiu fácil vitória pelo placar de 7 x 0. A equipe era formada por: Waldemar Monteiro; Abelardo Costa e Humberto Barreto; Raimundo Diniz, Osvaldo Ramos e José Bonfim; Quintino Miranda, Sílvio Machado, José Vieira, Augusto Ramos e Osvaldo Ferreira. O Rio Negro, não conformado com a goleada sofrida, pediu revanche, chamando o jogo para o seu campo, localizado na Rua São Borja, impondo ainda uma condição: o centroavante Sílvio Machado, do Santa Cruz, não poderia atuar, porque tinha sido o melhor jogador em campo na primeira partida, tendo marcado 5 dos 7 gols do Santa Cruz. O time tricolor aceitou a condição e escalou Carlindo para substituir o seu artilheiro. Ao final do jogo, o placar apontava 9 a 0 para o Santa Cruz, tendo Carlindo assinalado seis gols.

(Primeiro time do Santa Cruz)
Diante de vitórias tão espetaculares, o time do Santa Cruz ficou entusiasmado e ganhou muitos torcedores, o que hoje, faz ele ser considerado com a Maior Torcida do Nordeste. Treinando sempre com a bola que José Luis Vieira ajudou a comprar por 8.500 réis, o Santa viria depois a conquistar mais uma sensacional vitória sobre um time famoso da época que era o Western Telegraph Company, composto exclusivamente por elementos ingleses que trabalhavam no Recife.

Como não podia ser diferente, o Santa Cruz passou por momentos de crises e em um desses momentos, mais precisamente em 1914, foi proposto por um dos fundadores em uma reunião, o gasto dos únicos seis mil réis existentes em caixa na compra de uma máquina elétrica de fazer caldo de cana (o que era sucesso na época, na Rua da Aurora). Foi quando Alexandre de Carvalho deu um murro em cima da mesa, evitando com esse gesto de revolta o fechamento do clube. Diante de uma proposta tão afrontosa ele afirmou, "O Santa Cruz nasceu e vai viver eternamente". Hoje, suas palavras ainda ecoam profundamente nos tricolores de todas as gerações.

Como foi fundado por representantes da classe média, o Santa Cruz sempre foi um clube popular, aceitando inclusive negros no time (o primeiro foi Teófilo Batista de Carvalho, conhecido por Lacraia). Coisa rara na época. Era mais um passo para a popularização do clube, numa época em que o futebol ainda era um esporte fechado, praticado por rapazes "gente fina" ou por funcionários das várias companhias inglesas que funcionavam no Recife.

O Santa com sua moçada, atendia aos anseios da massa, na qual deixou suas raízes. O noticiário dos jornais não era tão generoso como o atual e o rádio ainda era um sonho, mas as notícias faziam seus percursos boca a boca e terminavam se espalhando. Dessa forma, logo os torcedores pernambucanos tomaram conhecimento das façanhas de Pitota e Tiano (o médico Martiniano Fernandes), que em dado momento tornou-se para os recifenses, mais importante do que Santos Dumont, o pai da aviação. No dia 30 de Janeiro de 1919, Dumont transitava pela capital pernambucana, mas a cidade só comentava sobre a vitória tricolor sobre o Botafogo – a primeira de um time do Nordeste sobre uma equipe do Rio – por 3 x 2. Tiano marcou dois gols e o "Jornal Pequeno", da segunda-feira, 31, dizia: "O Botafogo Futebol Clube é derrotado pelos "meninos" cá de casa pelo escore de 3 x 2".

O clube entrou na Liga em 1917 e chegou às finais, mas perdeu para o Flamengo recifense. Em 1931, mais precisamente a 13 de Dezembro, o Santa fazia seu pavilhão espraiar-se por todo Pernambuco, quando, depois de uma bela campanha, derrotava o Torre por 2 x 0, gols de Valfrido e Estevão e levava alegria a milhares de torcedores. Entre os campeões, duas figuras lendárias no futebol pernambucano: o centroavante Tará e Sherlock. Os heróis do primeiro título do Santa foram: Dada, Sherlock e Fernando; Doía, Julinho e Zezé; Walfrido, Aluízio, Neves, Tara, Lauro, e Estevão, João Martins e Popó. Este time conseguiu também o título de 1935.